30 de abril de 2008
Um Beijo Roubado
Título Original: My Blueberry Nights
País de Origem: EUA / China / França
Gênero: Drama / Romance
Ano de Lançamento: 2007
Diretor: Wong Kar Wai
My Blueberry Nights foi o filme que marcou a estréia do Wong Kar Wai (Amor à Flor da Pele, 2046) na indústria americana, sendo o primeiro filme em inglês dirigido por ele, além de representar a estréia nas telonas da premiada cantora Norah Jones e ter sido o filme escolhido para abrir o 60º Festival de Cannes. O filme conta a história de Elizabeth (Norah Jones) que após um fim de relação conturbada conhece Jeremy (Jude Law), o dono da cafeteria que o namorado dela costumava freqüentar. Ao descobrir que o namorado estivera naquela cafeteria com outra, ela resolve deixar lá a chave do apartamento dele para que seja devolvida. Ela retorna então algumas vezes para saber se o ex já pegou a chave de volta e a partir daí começa a criar laços com aquele estranho que se lembra das pessoas pelo que elas comem na cafeteria. Porém decidida a comprar um carro e sair viajando em busca de si, Elizabeth muda de cidade (algumas vezes durante o filme) e vive dos seus trabalhos como garçonete/barwoman, e se depara com pessoas generosas que muito tem a contribuir para o encontro de Elizabeth com ela mesma.
Podemos descrever o filme como uma história em três atos, a perda, a superação da perda e a mudança:
1) A perda é tratada no primeiro ato quando Elizabeth tem que lidar com a situação que o fim do relacionamento lhes apresenta (-“So what's wrong with the Blueberry Pie?” -“There's nothing wrong with the Blueberry Pie, just people make other choices. You can't blame the Blueberry Pie”).
2) A superação da perda é tratada no segundo ato. Lizzy se depara com a historia conturbada sobre a separaçao de um casal, Arnie um policial alcoólatra vivido por David Strathain e Sue Lynne, a mulher que o abandonou, vivida por Rachel Weiz (“How do you say goodbye to someone you can't imagine living without? I didn't say goodbye. I didn't say anything. I just walked away”).
3) A mudança é apresentada através da relação de Beth com a Leslie (Natalie Portman), que através de uma metáfora com o pôquer sugere o tema confiança (essencial numa relação), tentando ensiná-la em quem confiar ou não. (“It took me nearly a year to get here. It wasn't so hard to cross that street after all, it all depends on who's waiting for you on the other side”).
Diante disso a sensação que fica é a de que o filme trata-se da junção de três curtas, ainda mais quando o roteiro nos apresenta a mesma personagem chamada de três maneiras: Elizabeth, Lizzy e Beth.
O elenco do filme é um dos pontos altos. Norah Jones foi uma boa surpresa, não faz uma atuação ao nivel da Weisz, Portman ou do Strathairn (nem tinha obrigação, ela é cantora e não atriz) mas também não decepciona em momento algum. Está bem correta no seu primeiro trabalho no cinema. David Strathairn está excepcional como um policial alcoólatra e emocionalmente destruído, apresentando desespero na medida ao seu personagem. Rachel Weisz também não deixa a desejar entregando um trabalho muito bom como a mulher do policial. Natalie Portman como uma jogadora de pôquer audaciosa e sem tem medo de arriscar, apresenta mais um ótimo desempenho provando a ótima atriz que é.
A fotografia tem uma iluminação bem trabalhada. Na cidade e construída sobre as sombras e os neons de letreiros. Na estrada fotografa as faixas amarelas, asfalto e os conversíveis, um recurso batido, que já conhecemos bem, mas que não chega a ser um ponto negativo no filme. Além disso possui uma trilha ótima. Trilha essa agradavelmente recorrida à Otis Redding, Ry Cooder, Cat Power (que faz uma pequena participação no longa como uma ex-namorada de Jeremy) e outros. Aliás, o diretor faz questão de nos fazer esquecer a cantora que existe ali entre os atores profissionais, evitando colocar suas canções na trilha (tem apenas uma música, que a cantora compôs especialmente para o filme).
“Um Beijo Roubado” é uma história de perda e de reencontro com o amor, mas muito suave e quase sem paixão. O romantismo é muito sutil. Penso que sentimentos intensos bem trabalhados são simplesmente essenciais para o desenvolvimento de um bom romance. Ainda assim acredito que o longa provavelmente será lembrado pelo beijo entre Norah Jones e Jude Law, que merece seu lugar na história de um dos mais bonitos do cinema. Kar-wai acredita tanto nisso que se arrisca fazê-lo no absoluto silêncio, sem uma única nota musical sequer. Porém, se o Kar Wai erra a mão no romance, acerta quando decide fechar o círculo narrativo através dos exemplos vividos pela pessoas que rodeiam a Lizzy.
“Sometimes we depend on other people as a mirror, to define us and tell us who we are”.
Cotação: 8,0
Podemos descrever o filme como uma história em três atos, a perda, a superação da perda e a mudança:
1) A perda é tratada no primeiro ato quando Elizabeth tem que lidar com a situação que o fim do relacionamento lhes apresenta (-“So what's wrong with the Blueberry Pie?” -“There's nothing wrong with the Blueberry Pie, just people make other choices. You can't blame the Blueberry Pie”).
2) A superação da perda é tratada no segundo ato. Lizzy se depara com a historia conturbada sobre a separaçao de um casal, Arnie um policial alcoólatra vivido por David Strathain e Sue Lynne, a mulher que o abandonou, vivida por Rachel Weiz (“How do you say goodbye to someone you can't imagine living without? I didn't say goodbye. I didn't say anything. I just walked away”).
3) A mudança é apresentada através da relação de Beth com a Leslie (Natalie Portman), que através de uma metáfora com o pôquer sugere o tema confiança (essencial numa relação), tentando ensiná-la em quem confiar ou não. (“It took me nearly a year to get here. It wasn't so hard to cross that street after all, it all depends on who's waiting for you on the other side”).
Diante disso a sensação que fica é a de que o filme trata-se da junção de três curtas, ainda mais quando o roteiro nos apresenta a mesma personagem chamada de três maneiras: Elizabeth, Lizzy e Beth.
O elenco do filme é um dos pontos altos. Norah Jones foi uma boa surpresa, não faz uma atuação ao nivel da Weisz, Portman ou do Strathairn (nem tinha obrigação, ela é cantora e não atriz) mas também não decepciona em momento algum. Está bem correta no seu primeiro trabalho no cinema. David Strathairn está excepcional como um policial alcoólatra e emocionalmente destruído, apresentando desespero na medida ao seu personagem. Rachel Weisz também não deixa a desejar entregando um trabalho muito bom como a mulher do policial. Natalie Portman como uma jogadora de pôquer audaciosa e sem tem medo de arriscar, apresenta mais um ótimo desempenho provando a ótima atriz que é.
A fotografia tem uma iluminação bem trabalhada. Na cidade e construída sobre as sombras e os neons de letreiros. Na estrada fotografa as faixas amarelas, asfalto e os conversíveis, um recurso batido, que já conhecemos bem, mas que não chega a ser um ponto negativo no filme. Além disso possui uma trilha ótima. Trilha essa agradavelmente recorrida à Otis Redding, Ry Cooder, Cat Power (que faz uma pequena participação no longa como uma ex-namorada de Jeremy) e outros. Aliás, o diretor faz questão de nos fazer esquecer a cantora que existe ali entre os atores profissionais, evitando colocar suas canções na trilha (tem apenas uma música, que a cantora compôs especialmente para o filme).
“Um Beijo Roubado” é uma história de perda e de reencontro com o amor, mas muito suave e quase sem paixão. O romantismo é muito sutil. Penso que sentimentos intensos bem trabalhados são simplesmente essenciais para o desenvolvimento de um bom romance. Ainda assim acredito que o longa provavelmente será lembrado pelo beijo entre Norah Jones e Jude Law, que merece seu lugar na história de um dos mais bonitos do cinema. Kar-wai acredita tanto nisso que se arrisca fazê-lo no absoluto silêncio, sem uma única nota musical sequer. Porém, se o Kar Wai erra a mão no romance, acerta quando decide fechar o círculo narrativo através dos exemplos vividos pela pessoas que rodeiam a Lizzy.
“Sometimes we depend on other people as a mirror, to define us and tell us who we are”.
Cotação: 8,0
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Um comentário:
Conheço pouquíssimo da obra de Wong Kar Wai. Só assisti dois de seus filmes e estou com esse "My Blueberry Nights" para ver aqui. Não tenho muitas expectativas em relação ao filme, mas espero um espetáculo visual típico das obras do diretor e boas atuações.
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