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13 de dezembro de 2010

5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos: Abutres

Carancho (Argentina, 2010)
Direção: Pablo Trapero
Gênero: Drama

por Marcel Gois

Começou na última sexta-feira (10.12), aqui em Aracaju, a 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul. Pela primeira vez ela chega à capital sergipana, com filme e curtas que abrangem temas sociais relevantes, divididos em programas diversificados e horários acessíveis. A abertura da mostra, que aconteceu no Cinemark Jardins, aconteceu com filme “Abutres”, a mais recente produção de Pablo Trapero (diretor do ótimo Leonera), que traz no elenco um dos atores argentinos mais populares, o Ricardo Darín, no papel de um advogado sem escrúpulos, que se aproveita de vítimas de acidentes para usufruir de indenizações.

Na Argentina, milhares pessoas morrem em acidentes de trânsito a cada ano. E atrás de cada uma das tragédias que acontecem existe uma máfia em busca de prêmios dos seguros através das brechas encontradas na lei passando a perna inclusive na família das vítimas que recebe uma porcentagem mínima do dinheiro adquirido. Sosa (Ricardo Darín) é um advogado que já teve sua licença casada e agora trabalha num escritório de quinta categoria e vive em hospitais públicos e delegacias em busca de potenciais clientes. Luján (Martina Gusman) é uma jovem médica recém chegada do interior e que por azar começa a trabalhar na unidade hospitalar onde Sosa ‘bate ponto’. A história entre os dois começa quando ela tenta salvar a vida de um homem que Sosa considera ser um cliente em potencial.

Trapero dessa vez explora ainda mais sua habilidade em retratar a realidade nua e crua (como foi visto antes em Leonera) dando ao filme um tom de documentário. Ele faz isso com a câmera na mão mostrando toda a confusão e tensão que é presenciar um acidente de perto e imprimindo na tela uma sensação de desconforto que é presente durante quase toda a projeção. O impacto que o filme causa é dirigido com muita segurança e destreza, capaz de deixar os espectadores de olhos grudados na tela, apesar das imagens impregnadas de sangue.

A dupla de atores principais desaponta em grande estilo, durante toda a projeção, mas principalmente na sequência final na qual o diretor demonstra toda sua habilidade e audácia em um plano sequência breathtaking. Juro que acabei o filme com uma dor no peito de tão tenso. Sem falar na sensação de desconforto com tanto acidente na tela.

O filme foi recebido como uma crítica pelas autoridades judiciárias do país, depois de ficar demonstrada na tela toda a habilidade desses ‘profissionais’ em forjar acidentes, criar vítimas e assim consegui extorquir o seguro através de falcatruas e conchavos com as próprias ‘vítimas’. E não por acaso o longa foi o escolhido para representar a Argentina na disputa pelo Oscar 2011 de melhor filme estrangeiro.

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